Algumas das lições que aprendi ao longo desses 35 anos

Fevereiro é o mês do meu aniversário, não que alguém tenha pedido, mas quero deixar algumas lições registradas aqui. Pra começar, eu não sei te dizer desde quando nem porque, mas sempre me vi como um sonhadora. Talvez seja minha geração alimentada por comédias românticas e Disney, mas levei isso como algo positivo por toda minha vida, ou pelo menos até os 20 e poucos anos. Agora com 35 vejo o quanto essa doce persona da sonhadora não é tão romântico quanto parece. E aqui começa a primeira lição:

“Sonhos são lindos […] Mas não se realizam apenas porque você os sonha” — Shonda Rhimes

Se minha memória não falha eu li o livro Manual para sonhadores de Nathalie Trutmann nos últimos anos da faculdade, por volta de 2014. É um livro encantador, não tenho como negar, foi muito bom ter lido, mas gostaria de entender mais sobre como as coisas realmente funcionam na vida adulta. Gostaria de ter absorvido a lição número um de Shonda Rhimes no livro O Ano em que eu disse Sim quando ela fala em descartar o sonho e ser um realizador. Essa lição chegou pra mim como um tapa na cara quando já estava na casa dos 30 e já via a frustração dobrando a esquina pra me pegar de cheio.

Meu sonho de empreender deve ter surgido quando ainda tinha uns 19 anos quando eu e meu namorado na época sonhávamos em abrir uma empresa de tecnologia e design juntos. Ele leu pai rico e pai pobre e acreditava que esse era o caminho pra ficar rico mesmo, eu tinha 19 anos e acreditei também.

Eu (na era ruiva), Tami e Bi.

O tempo passou, o namoro acabou e eu fui para a faculdade de design, já com 22 anos. Lá conheci as melhores parceiras do mundo, Tami e Bi. O ano era 2015 nosso olho brilhava por design, nossos professores nos encheram do que tinha de melhor e, já que o mercado não oferecia muito pra designer, nos sonhamos juntas em resolver fazer acontecer. Havia clientes desejando criar coisas incríveis e nós podíamos fazer isso. Foi quando realizei o primeiro sonho e me tornei empreendedora. Porém seguia sendo mais sonhadora que realizadora.

Levou muito tempo de muita tentativa e erro, pra entender que planos são sonhos também, as ações estão na estratégia. Fico feliz em olhar pra quela época e ver que juntas realizamos muitas coisas. Criamos uma linha de papelaria, o primeiro encontro de blogueiras na cidade, o coletivo Fé menina e outros workshops de produtividade. Parecem só flores e sucesso não é? Só tem um detalhe que não deu muito certo: o retorno financeiro.

Dinheiro não é tudo mas é o que vai te dar acesso a tudo nesse mundo

Eu não sei como é sua relação com dinheiro, mas eu lembro de crescer ouvindo que dinheiro não compra a felicidade, que não é tudo na vida, que ser rico é ruim, que não é cristão querer dinheiro, que devemos buscar amor, não dinheiro, etc, etc. Isso danificou muito minha visão de realidade.

Hoje esse é o tipo de conversa que tenho comigo mesma: Vivemos em um mundo onde precisamos comer, o dinheiro compra comida; precisamos beber água, o dinheiro compra água; somos frágeis podemos adoecer, o dinheiro da acesso a tratamentos médicos e medicamento (infelizmente); ok, no fim, vamos morrer um dia, mas alguém precisa pagar pra você ser enterrado com dignidade. Ou seja, dinheiro pode não comprar felicidade, mas ajuda muito a sobreviver com conforto nessa sociedade capitalista.

Veja que eu tento me convencer do obvio! Não posso dizer que tive uma relação saudável com dinheiro, posso dizer que estou sempre buscando ter. A consequência direta disso foi no fato de que esta não é uma boa característica para quem quer empreender.

Já se passaram 8 anos e ainda tenho dificuldade de entender métricas, de ter um plano estratégico com previsão de retorno financeiro. Eu não fui educada pra isso, fui educada pra trabalhar para os outros e no final do mês reclamar do meu salário. E isso, junto com fatores externos, é uma consequência da pessoa sonhadora: passar tanto tempo no mundo das ideias e dos sonhos que a realidade de como as coisas realmente funcionam é mais complicada do que a tabela periódica (eu sou péssima em química, por isso usei esse exemplo). Sentiu meu desespero? Pois é … ele é real.

A vida de ninguém é uma linha do tempo. Tudo é fluido. Tudo pode mudar.

O que é certeza pra mim hoje, pode mudar drasticamente daqui alguns anos. Você se lembra das suas certezas de 10 anos atras? Aos 19 anos eu tinha certeza que iria casar e ter 2 filhos com um rapaz e construir um primeiro andar na casa da minha mãe pra minha família, aos 22 já era outro homem e já não via filhos, aos 25 não queria nem casar, muito menos ter filhos e a casa da minha mãe foi vendida. Aos 34 eu tinha certeza que ia casar com Chris Evans, mas outra pessoa provavelmente vai fazer isso. Brincadeira kkkkkrying . Aos 35 tenho certeza que vou mudar e evoluir, e estou completamente a vontade com esse fluxo. Entendo que só preciso continuar me movendo.

A Infinito Criativo começou pra oferecer todos os serviços de design possíveis, depois entendemos que focar em um nicho era mais realista, então focamos em branding. No entanto, com o tempo, a educação falou mais alto no coração de Tamires, depois tecnologia falou mais alto no meu, e as coisas foram, e estão, se adaptando. O formato do estúdio agora é completamente diferente do que era em 2015, porque nós somos completamente diferente. E tá tudo bem. O que permanece é o fato que fundamos a Infinito pra gerar emoção e significado para pessoas, incluíndo nós mesmas. E, como fazemos isso, pode mudar conforme nós mudamos.

Finalmente. Faça amor, faça arte, faça dinheiro.

Crédito de imagem: Perle studios

Ame quem você é, quem era e quem vai se tornar. Porque a vida é complicada e desafiadora, é o amor vai te sustentar. Encontrar soluções é uma arte que devemos aprender, todas somos capazes, talvez você não veja agora, talvez não seja algo mirabolante e super criativo, mas são as pequenas soluções do dia a dia que vão te levar para as maiores.

E mana, faça dinheiro! Desenvolva a habilidade de traçar estratégias que te tragam retorno financeiro. Se você é como eu, reveja seu relacionamento com o dinheiro, porque nesse plano material ele é muito importante. Não é tudo, mas está em quase tudo. Busque uma relação saudável com o dinheiro, ok?

Por hoje é isso,
Abraços,
Anna

Posted by:annapgaud

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *